Domingo XII do Tempo Comum
- Primeira Leitura: Zc 12,10-11.13,1
- Salmo Responsorial: Sl 62(63),2abcd.2e-4.5-6.8-9 (R. 2ce)
- Segunda Leitura: Gl 3,26-29
- Evangelho: Lc 9,18-24
- Cor Litúrgica: Branco
- Solenidade
Evangelho e leituras de hoje - 22 de junho de 2025
A Liturgia do Dia é um presente diário da Igreja para nutrir nossa fé e orientar nossa vida espiritual. Por meio das leituras — Primeira Leitura, Salmo, Segunda Leitura (aos domingos) e Evangelho — ouvimos a voz viva de Deus que continua a falar ao Seu povo.
Essas palavras não são apenas memórias do passado, mas luz para o presente, capazes de transformar corações e renovar esperanças. Ao meditarmos a Liturgia, unimo-nos à Igreja no mundo inteiro e permitimos que o Espírito Santo aja em nós.
É um convite diário à conversão, à escuta e à fidelidade. Que a Palavra de Deus ilumine e conduza nosso caminho todos os dias.
Primeira Leitura
Contemplarão aquele a quem transpassaram.
Leitura da Profecia de Zacarias 12,10-11;13,1
Assim diz o Senhor:
10 "Derramarei sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém um espírito de graça e de oração; eles olharão para mim. Ao que eles feriram de morte, hão de chorá-lo, como se chora a perda de um filho único, e hão de sentir por ele a dor que se sente pela morte de um primogênito.
11 Naquele dia, haverá um grande pranto em Jerusalém, como foi o de Adadremon, no campo de Magedo.
13,1 Naquele dia, haverá uma fonte acessível à casa de Davi e aos habitantes de Jerusalém, para ablução e purificação". Palavra do Senhor.
Salmo responsorial
como a terra sedenta, ó meu Deus!
2a Sois vós, ó Senhor, o meu Deus! *
b Desde a aurora ansioso vos busco!
c A minh'alma tem sede de vós, *
d minha carne também vos deseja. R.
2e Como terra sedenta e sem água, †
3 venho, assim, contemplar-vos no templo, * para ver vossa glória e poder.
4 Vosso amor vale mais do que a vida: * e por isso meus lábios vos louvam. R.
5 Quero, pois vos louvar pela vida, * e elevar para vós minhas mãos!
6 A minh'alma será saciada, * como em grande banquete de festa; cantará a alegria em meus lábios, * ao cantar para vós meu louvor! R.
8 Para mim fostes sempre um socorro; * de vossas asas á sombra eu exulto!
9 Minha alma se agarra em vós; * com poder vossa mão me sustenta. R.
Segunda Leitura
Vós todos que fostes batizados em Cristo vos revestistes de Cristo.
Leitura da Carta de São Paulo aos Gálatas 3,26-29
Irmãos:
26 Vós todos sois filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo.
27 Vós todos que fostes batizados em Cristo vos revestistes de Cristo.
28 O que vale não é mais ser judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher, pois todos vós sois um só, em Jesus Cristo.
29 Sendo de Cristo, sois então descendência de Abraão, herdeiros segundo a promessa. Palavra do Senhor.
Aclamação ao Evangelho
V. Minhas ovelhas escutam minha voz,
eu conheço, então, minhas ovelhas,
Evangelho
Tu és o Cristo de Deus.
O Filho do Homem deve sofrer muito.
Certo dia,
18 Jesus estava rezando num lugar retirado, e os discípulos estavam com ele. Então Jesus perguntou-lhes: "Quem diz o povo que eu sou?"
19 Eles responderam: "Uns dizem que és João Batista; outros, que és Elias; mas outros acham que és algum dos antigos profetas que ressuscitou".
20 Mas Jesus perguntou: "E vós, quem dizeis que eu sou?" Pedro respondeu: "O Cristo de Deus".
21 Mas Jesus proibiu-lhes severamente que contassem isso a alguém.
22 E acrescentou: "O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia".
23 Depois Jesus disse a todos: "Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia, e siga-me.
24 Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará". Palavra da Salvação.
Santo do Dia


"Povo cristão, vim aqui para morrer pela minha fé na Santa Igreja Católica de Cristo".
Estas foram as últimas palavras de João Fisher, antes de ser decapitado, em 22 de junho de 1535. Assim, o Bispo de Rochester, após reiterar, por três vezes, seu não à submissão do clero ao rei da Inglaterra, morreu como mártir. Eis o fim do "homem mais culto e o Bispo mais santo", como o definiu Erasmo de Roterdã, do qual era grande amigo.
Uma cultura fora do comum
João nasceu em uma família rica de Yorkshire, mas, logo, demonstrou ter uma inteligência extraordinária.
Aos 14 anos, ingressou na Universidade de Cambridge e se formou em Teologia. Aos 22, foi, excepcionalmente, ordenado sacerdote, tornando-se confessor e capelão pessoal da condessa Margarida Beaufort, futura avó de Henrique VIII. Juntos, fundiram o “Saint John’s” e o “Christ’s College”, do qual foi vice-chanceler. Ali, impôs o estudo de latim, grego ou hebraico, as línguas da Bíblia, para uma maior familiaridade com as Escrituras. Como um grande latinista, aos 48 anos, começou a estudar grego e, aos 50, também hebraico.
O Bispo contra a Reforma
Em 1504, João Fisher foi consagrado Bispo de Rochester, uma das dioceses menores e mais pobres do país, da qual não quis mais sair, – embora tivesse tido a possibilidade – chamando-a para sempre "minha pobre esposa".
Em 1523, sustentado por sua profunda cultura, começou a lutar contra a Reforma Luterana, que se difundia também na Inglaterra. Naqueles anos, esteve ao lado do rei, para salvaguardar a primazia da Igreja de Roma, e publicou a “De veritate corporis et sanguinis Christi in Eucharistia”, com a qual recebeu o título de "defensor da fé".
Conflito com Henrique VIII
As relações com Henrique VIII deterioraram-se quando ele se divorciou de Catarina de Aragão - da qual João era confessor - para se casar com Ana Bolena. Porém, o Papa não lhe concedeu a dispensa. Então, o soberano pediu a mediação do Bispo de Rochester, que, no entanto, não foi contra o Pontífice Romano. Irritado, o rei exigiu que o prelado lhe jurasse fidelidade. A resposta de João foi taxativa: "Somente até onde a lei de Cristo permitir". Assim, deu-se a ruptura.
Em 1534, Henrique VIII elaborou um Ato de Supremacia, que devia ser assinado por todos os Bispos e a ele se submeter. Aqui, teve origem a Igreja Anglicana, que não reconhece o Papa, mas o Rei, como a máxima autoridade religiosa. Dom João Fisher não concordou. Por isso, em 13 de abril daquele ano, foi preso e encarcerado na Torre de Londres. Assim, a sede episcopal de Rochester ficou vacante.
Amizade com Moro na prisão e o martírio
Durante o período de prisão e do processo, com o qual foi condenado à morte, João encontrou um velho amigo na prisão: Tomás Morus, um jurista leigo, que também havia sido condenado à pena capital por não ter jurado obediência ao rei. Eles não estavam na mesma cela, mas, naqueles dias, se ajudavam e se encorajavam mutuamente, compartilhando o pouco que tinham.
No entanto, em Roma, o Papa Paulo II decidiu criar o Cardeal João Fisher, em uma tentativa desesperada de salvá-lo do martírio. Porém, Henrique VIII rejeitou libertá-lo para enviá-lo a Roma.
Enfim, chegou o trágico dia 22 de junho, quando João foi acordado pelos guardas, com o aviso de que a sua execução tinha sido marcada para às 10 horas daquele mesmo dia. No patíbulo, antes de morrer, o Bispo negou, por mais três vezes, sua fidelidade a Henrique VIII. Alguns dias depois, a mesma sorte coube a Tomás Morus. Por isso, a Igreja Católica fixou a memória litúrgica dos dois Santos no mesmo dia.
Ambos foram beatificados, com outros 54 mártires ingleses, pelo Papa Leão XIII e canonizados por Pio XI. Os restos mortais dos dois Santos descansam na Capela de São Pedro “in Vincoli” da Torre. Hoje, São João Fisher e São Tomás Morus são venerados também pela Igreja Anglicana.


Tomás tinha uma grande fama de homem íntegro e jovial, um Juiz justo, culto e estimado pelos humanistas europeus, tanto que Erasmo de Roterdã, lhe dedicou sua obra "Elogio da Loucura"; era muito amado pelo povo, pela sua caridade; conhecido pelo seu senso de humorismo e sua fina inteligência, como transparecem em suas obras e em sua vida. Porém, ele era, acima de tudo, um homem de grande fé.
Filho de advogado, nasceu em Londres em 1478. Em sua vida privada, frequentava os franciscanos, em Greenwich, e, por um período, na Cartuxa de Londres. A seguir, casou-se com Jane Colt, da qual teve quatro filhos. Ao ficar viúvo, casou-se novamente, esta vez com Alice Middleton. Como esposo e pai, dedicou-se à educação intelectual e religiosa de seus filhos, em sua casa, sempre aberta a amigos.
Um astro em ascensão
Em sua vida pública, Tomás trabalhou como membro do Parlamento e assumiu diversos cargos diplomáticos. Em 1516, escreveu sua obra mais famosa "Utopia". Tornou-se, novamente, Juiz e presidente da Câmara Comunal. Como conselheiro e secretário do rei, comprometeu-se com a Reforma Protestante. Contribuiu para a elaboração da obra "A defesa dos sete Sacramentos", que valeu a Henrique VIII o título de “Fidei defensor”. Uma ascensão irrefreável até chegar ao ápice: foi o primeiro leigo a ser nomeado Grão-Chanceler. Transcorria o ano 1529.
Alguns anos depois, em 1532, sua vida teve uma mudança determinante: Tomás pediu demissão. Assim, para a sua família, abriram-se as portas de uma vida de pobreza e abandono.
“Morro como servo fiel do rei, mas, primeiro, como servo de Deus”
Sua história entrelaçou-se com a vida do rei Henrique VIII: decidido de se casar com Ana Bolena, o soberano pediu ao Arcebispo anglicano de Cantuária, Tomás Cranmer, para declarar nulo e sem efeito seu casamento com Catarina de Aragão; em uma escalada de oposição, chegou até a pedir também para que o Papa Clemente VII aceitasse sua liderança como chefe da Igreja na Inglaterra.
Em 1534, o Ato de Supremacia e o Ato de Sucessão marcaram o momento decisivo. Tomás já havia se retirado do mundo político. Logo, não podia aprovar a decisão do rei e, acima de tudo, não queria abjurar à lealdade ao Papa.
Em 1534, Tomás foi preso na Torre de Londres, mas não foi suficiente para se retratar. A "conduta" do silêncio, que havia adotado, não foi suficiente para se salvar. Então, enfrentou um processo, durante o qual pronunciou sua famosa apologia sobre a indissolubilidade do matrimônio, o respeito pelo patrimônio jurídico, inspirado nos valores cristãos, a liberdade da Igreja em relação ao Estado. Por isso, Tomás Morus foi condenado por alta traição e decapitado em 6 de julho. Após alguns dias, João Fisher, de quem era um grande amigo, também foi condenado pelas mesmas ideias. Desta forma, estes dois Santos são recordados, juntos, pela liturgia da Igreja, no mesmo dia, 22 de junho.
Tomás Morus foi um homem apaixonado pela Verdade, “admirado pela sua ‘integridade’, – afirmou Bento XVI, em seu discurso no Westminster Hall - com a qual teve a coragem de seguir a sua consciência, mesmo à custa de desagradar ao soberano, de quem também era ‘bom servidor’, de escolher servir primeiro a Deus".